Açúcar 26-11-2025 | 14:17:00

StoneX projeta superávit de 3,7 mi t e estoques globais recordes de açúcar em 2025/26

Revisão indica avanço da oferta asiática, crescimento dos estoques e demanda mais fraca, reforçando o cenário de pressão baixista no mercado global de açúcar

Por: Redação RuralNews

Entre setembro e outubro, os preços do açúcar seguiram pressionados. Os contratos em Nova Iorque ficaram abaixo de US¢ 16/lb e recuaram ainda mais em novembro, chegando à faixa dos US¢ 15/lb.
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Segundo Marcelo Di Bonifácio, analista da StoneX, a principal razão para a queda das cotações é o ritmo lento das importações globais. Ele explica que muitos países consumiram seus estoques internos em 2024/25, mesmo diante do déficit da temporada, o que manteve os preços sob pressão. Além disso, várias economias passaram a demandar menos açúcar, reduzindo as expectativas anteriores de consumo.
Produção global de açúcar avança em 2025/26, com Índia e Ásia sustentando a expansão da oferta prevista. Foto: Canva


Para os próximos meses, o desempenho das safras do Hemisfério Norte, principalmente para Índia e Tailândia, será decisivo para ajustar o balanço global. No Brasil, a evolução da entressafra do Centro-Sul depende do volume de chuvas até março, o que pode alterar o equilíbrio da oferta.

Índia inicia safra com forte avanço

A safra 2025/26 começou em novembro com ritmo acelerado. No total, 325 usinas já iniciaram a moagem, mais que o dobro do ano anterior. O país processou 12,8 milhões de t de cana (+41%) e produziu 1,05 milhão de t de açúcar (+47%). O avanço foi favorecido pelo início dentro da sazonalidade e pela ausência de chuvas tardias.

A ISMA atualizou sua projeção para 34,9 milhões de toneladas antes do desvio para o etanol. A StoneX estima 35,8 milhões de t de açúcar, com 3,5 milhões t destinados ao etanol, resultando em 32,3 milhões de t de açúcar branco, uma alta de 24% sobre o ciclo anterior.

Na Tailândia, a safra deve começar entre 1º e 11 de dezembro, após chuvas 7% acima da média na principal região produtora.

Ásia perto do recorde histórico

A StoneX projeta que a produção de açúcar na Ásia ultrapasse 80 milhões de toneladas em 2025/26, volume próximo do recorde de 81 milhões de t registrado em 2021/22.

Europa melhora produtividade, mas reduz produção

Apesar da melhora na produtividade agrícola, a Europa deve produzir menos açúcar. O recuo é consequência da redução da área plantada, motivada pela baixa remuneração interna. A pressão sobre os preços domésticos aumentou após a entrada de mais açúcar importado, especialmente da Ucrânia. Além disso, um possível acordo entre União Europeia e Mercosul preocupa produtores locais.

América Latina e EUA: ajustes moderados

Para 2026/27, a StoneX revisou o mix açucareiro do Centro-Sul brasileiro de 51,3% para 50,6%, refletindo a menor oferta esperada de etanol de milho e a queda dos preços do açúcar.

No México, a CONADESUCA projeta 5,3 milhões de t em 2025/26. A StoneX mantém previsão de 5,1 milhões t.

Nos Estados Unidos, a produção continua próxima de 8,5 milhões de t, mas o consumo deve cair, influenciado pela redução na procura por produtos açucarados e pelo avanço dos medicamentos análogos ao GLP-1, como o Ozempic.

Trade flow deve melhorar em 2026

A revisão da demanda de importadores como Indonésia e China indica que esses países devem importar menos no início de 2026. Isso reduz a expectativa de déficit no período. No Brasil, o impacto é limitado e deve aparecer apenas no terceiro trimestre de 2026, com volumes pequenos diante do superávit previsto de 1,3 milhão de t.

Consumo global é ajustado para 193,8 milhões t

A principal mudança está na demanda. Em 2024/25, o consumo cresceu apenas 0,4% após o corte de mais de 500 mil t. Para 2025/26, a redução foi ainda maior, com revisões importantes para China e Índia. Assim, o consumo global foi ajustado para 193,8 milhões de t, alta anual de 0,5%.

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Texto publicado originalmente em Notícias
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