Durante o o 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, João Pedro Nascimento, afirmou que a entidade espera divulgar, até o final de setembro, a regra definitiva do Fiagro. Segundo ele, nas próximas semanas, em reunião de regulação, serão discutidas as alterações.
O 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio é uma realização da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), em parceria com a B3 - a bolsa do Brasil, e reuniu cerca de 800 participantes no dia 5 de agosto, no Sheraton WTC São Paulo Hotel, em São Paulo.
Para Fabiana Perobelli, superintendente de Relacionamento com Clientes da B3, o Fiagro democratizou o acesso ao investidor no mercado do agro. “A beleza do Fiagro é ter reunido todas as letras (CPR, CRA, CDCA, entre outros) e ter simplificado o processo”, pontou.
Ela salientou que o mercado de capitais traz governança e transparência, que existe muito apetite por projetos ambientais, e que o desafio está na segurança jurídica. “Outro aspecto importante é o seguro de preços. O Brasil precisa ser protagonista na formação de preços”, acrescentou.
Um estudo da CVM mostra que o agro responde por menos de 5% de participação no mercado de capitais. “O crescimento dos instrumentos tem alcançado índice superior a 100%, mas a base é muito baixa, assim há muitas oportunidades.
Precisamos promover essa aproximação do agro com o mercado de capitais”, disse Nascimento, que complementa que essa aproximação tem também uma função social importante e contribui para atender os compromissos de sustentabilidade.
Moderado pela advogada especialista em Direito Ambiental Samanta Pineda, a Mesa Redonda – Competitividade e Oportunidades trouxe a avaliação do professor Daniel Vargas (Fundação Getulio Vargas – Escola de Economia de São Paulo) sobre o mercado de carbono.
Segundo Daniel, o mercado de carbono precisa ser criado dentro de uma estratégia, pois é um instrumento que contribui para uma transição, além de exigir uma infraestrutura que permita medir com segurança o processo completo de produção e ter uma base para saber qual emissão vale.
“A realidade brasileira é diferente de outros países. Nossa matriz energética é renovável, com baixa emissão de carbono, ao contrário do que acontece no continente europeu, e temos um imenso ativo verde, que não gera ganhos para o produtor. A meta é desenvolver consenso do que buscamos e para que queremos o mercado de carbono”, explicou Vargas.
O deputado federal Arnaldo Jardim abordou as prioridades da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) do ponto de vista de mudanças climáticas, aumentando a capacidade de reservação de rios, represas, lagos e etc. “A irrigação será o grande aliado para o salto exponencial da agricultura”, afirmou.
Ele frisou ainda que a FPA tem discutido uma reforma do estado, autorregulação para um estado submetido aos anseios da sociedade. “Para isso precisamos ter boas parcerias, alianças e criatividade.
Assim, a FPA é reformista e com visão ideológica com um agro que precisa andar com suas pernas, abrir e multiplicar o conhecimento para o crescimento e papel do setor”.
A importância da comunicação foi trazida pela produtora rural e ativista de bem-estar animal Carmen Perez, pois nos últimos anos o agronegócio se tornou um assunto polêmico, com as pessoas confundindo o que acontece no setor.
A seu ver, é preciso apresentar os conceitos, o cenário atual e as mudanças estruturais dentro da cadeia, porque existe uma pressão dos consumidores, dos concorrentes e da política para o setor fazer sempre melhor.
No encerramento do 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio, Luiz Carlos Corrêa Carvalho (presidente da ABAG) fez um resumo dos principais pontos tratados ao longo do evento, destacando a necessidade de integração entre o poder público e o setor privado e entre as cadeias produtivas, do maior volume de seguro rural, da proatividade no mercado de carbono e do trabalho efetivo de aproximação com o mercado de capitais.
“A ABAG junto com outras entidades irmãs está aberta para um diálogo aberto com o governo federal para construir uma agenda do agro tanto para a COP30 quanto para articulação internacional, pois o Brasil tem capacidade para liderar, ao apresentar mensagem e sinais corretos. A aliança brasileira do agro está aberta para todos”, finalizou Carvalho.
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