Meio Ambiente 09-12-2024 | 16:38:00

Queimadas e desperdício de alimentos reforçam urgência de tecnologia para práticas agrícolas sustentáveis

*Sergio Rocha

Por: Assessoria

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima que cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidas ou desperdiçadas anualmente em todo o mundo. No Brasil, além do desperdício, o setor agrícola enfrenta desafios ambientais críticos, como as recentes queimadas que devastaram grandes áreas de cultivo.
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Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que, apenas nos primeiros oito meses deste ano, mais de 100 mil focos de incêndio foram registrados, afetando diretamente a produção agrícola e a qualidade do solo. As queimadas resultam na liberação de carbono e em grandes perdas de produtividade agrícola, o que contribui para o ciclo de insegurança alimentar.
Sergio Rocha é CEO da Agrotools. Com mais de 30 anos de experiência em áreas como commodities agrícolas, serviços financeiros, tecnologia, comércio internacional, dados e geotecnologia


Diante desse quadro alarmante, é essencial entender que a continuidade dessas perdas e a degradação ambiental colocam em risco a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor. Por isso, destaca-se a necessidade urgente de práticas agrícolas mais eficientes e sustentáveis para mitigar o impacto dessas perdas e otimizar a produção de alimentos.

Tecnologias como a Agricultura de Precisão (AP) e o geoprocessamento surgem como soluções promissoras nesse cenário. Desde sua consolidação entre as décadas de 1950 e 1990, impulsionada pela mecanização e pela introdução do GPS, a Agricultura de Precisão tem sido essencial na gestão agrícola, utilizando avanços tecnológicos para otimizar o uso de insumos e enfrentar os desafios atuais.

Hoje, ao analisar dados detalhados sobre atributos das lavouras, como a fertilidade do solo, os produtores rurais conseguem adaptar suas práticas de manejo, reduzindo custos e utilizando os recursos de forma mais eficiente. Essa abordagem incentiva um uso sustentável da terra, maximizando a produtividade.

Por sua vez, o geoprocessamento desempenha um papel crucial na AP, é ele quem permite a coleta e análise de dados geográficos essenciais para o monitoramento das lavouras. Através de mapas que revelam variações de produtividade e características do solo, os trabalhadores rurais conseguem tomar decisões mais informadas sobre o manejo de suas culturas.

Essa interação entre AP e geoprocessamento é fundamental para aumentar a produtividade, já que ao coletar e analisar dados geográficos, o sistema possibilita uma visão aprofundada das lavouras, levando a decisões que minimizem o uso excessivo de insumos. Essas combinações têm o potencial de transformar o agronegócio. Empresas que utilizam geomonitoramento remoto, por exemplo, conseguem antecipar dados climáticos, calcular o uso do solo e até emitir alerta sobre focos de incêndio.

No entanto, apesar dos benefícios, a AP ainda enfrenta desafios significativos, como a falta de conectividade em áreas rurais. Segundo o Indicador de Conectividade Rural (ICR), somente 18,8% da área agrícola produtiva do Brasil possui condições adequadas de conectividade. A ausência de infraestrutura limita o acesso a essas tecnologias, dificultando que os produtores rurais aproveitem ao máximo o potencial das inovações disponíveis.

Superar o desafio da infraestrutura é fundamental para que o agronegócio brasileiro realmente tire proveito de todas essas ferramentas, que prometem transformar o setor e oferecer uma vantagem competitiva crucial em um mercado cada vez mais acirrado.

A expansão do 5G e de aplicativos móveis sinaliza avanços importantes, hoje por exemplo, é possível ter acesso à ferramentas de monitoramento em tempo real através de whatsapp, alcançando até mesmo o menor produtor e sem depender de investimentos robustos.

O questionamento que fica é: o mercado precisa utilizar a evolução tecnológica e o agronegócio do futuro, baseado em dados, algoritmos, IA para garantir um futuro mais competitivo e sustentável para o planeta.

*Sergio Rocha é fundador e CEO da Agrotools

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Queimadas - Desperdício de alimentos - Práticas agrícolas sustentáveis


Texto publicado originalmente em Notícias
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