Queda no milho reduz custo do leite, mas exportações e cenário global podem alterar cenário

Relatórios de mercado destacam que essa queda está relacionada ao início de uma colheita robusta da segunda safra brasileira, estimada entre 95 e 100 milhões de toneladas, combinada à estabilidade cambial, à safra recorde dos Estados Unidos e à postura cautelosa dos compradores, que juntos têm elevado a oferta interna de milho.
Além disso, o preço historicamente baixo do farelo de soja e a expectativa de redução nos custos da torta de algodão a partir de agosto contribuem para a formação de uma ração mais acessível, diminuindo o custo final do litro de leite.

Contudo, a manutenção dessa tendência depende do comportamento das exportações brasileiras. Caso os embarques aumentem significativamente, a demanda externa pode apertar o mercado interno, fazendo com que os preços voltem a subir devido à redução da oferta doméstica.

Outro fator importante está ligado a uma resolução tarifária dos Estados Unidos que deverá entrar em vigor em outubro de 2025, impondo taxas adicionais a navios fabricados na China que atracarem em portos americanos. Essa medida pode encarecer o frete de grãos, como o milho, e alterar o fluxo comercial, atraindo maior demanda internacional para o milho brasileiro.

No mercado de leite, a queda no preço do milho contribuiu para reduzir os custos em um período em que a suplementação alimentar tende a aumentar, durante a entressafra. Entretanto, a demanda interna ainda permanece fraca, o que tem limitado a elevação dos preços pagos aos produtores.

Dados indicam que, entre março e abril, o preço do leite pago ao produtor em Minas Gerais caiu 2,1%, fechando o mês em R$ 2,93 por litro, mesmo com a entressafra já iniciada. A média dos preços spot do leite recuou 6,04% em Minas Gerais e 4,72% em São Paulo no mesmo período, embora Minas Gerais registre um aumento acumulado de 12,41% em relação ao ano anterior.

Para o segundo semestre, a expectativa é que a oferta de leite diminua com o avanço da entressafra, o que poderia pressionar os preços para cima. Contudo, o enfraquecimento da demanda e o aumento dos estoques industriais devem continuar restringindo os repasses de preço.

Nesse contexto, os produtores são aconselhados a gerenciar cuidadosamente seus estoques e realizar compras estratégicas de insumos como milho e farelo de soja. A volatilidade do mercado será influenciada pela evolução das exportações, pelas novas tarifas internacionais e pelas mudanças na demanda global, que podem alterar rapidamente o cenário de preços.
Texto publicado originalmente em Notícias