O atual cenário na agricultura brasileira é promissor para quem trabalhada com agricultura de precisão (AP). Segundo dados da pesquisa “A mente do agricultor brasileiro na era digital”, divulgada pela McKinsey & Company, pelo menos 47% dos produtores usaram uma tecnologia de AP e 33%, utilizaram duas delas ou mais na última safra das principais culturas comerciais no Brasil.
A pesquisa ouviu mais de 750 agricultores de diferentes culturas e regiões do Brasil, abordando temas como comportamento digital, soluções de financiamento, processo de aquisição de insumos, influenciadores e nível de adoção tecnológica.
Como obstáculo para a adoção os produtores apontam que a fluência tecnológica, principalmente em relação maquinários, como o maior impeditivo. “Apesar de adquirirem as ferramentas, os agricultores muitas vezes não conseguem utilizar todo o potencial devido à falta de conhecimento. Essa afirmativa gera um alerta e uma oportunidade para nossa comunidade, a aquisição das tecnologias não é mais um obstáculo, cabe a nós, profissionais, consultores, professores, pesquisadores e estudantes, orientar para um melhor entendimento dos benefícios por elas gerados, o mercado precisa cada vez mais de pessoas aptas a trabalhar com esse tipo de ferramenta”, comenta do presidente da Associação Brasileira de Agricultura de Precisão (AsBraAP), Marcos Ferraz.
Ainda segundo os dados da pesquisa, os pioneiros na adoção da agricultura de precisão no Brasil são produtores de cultivo de larga escala e/ou agricultores mais jovens. “Isso mostra a influência da nova geração, que está mais disposta a implementar esse tipo de tecnologia e também a influência do tamanho de área, que possibilita compra de equipamentos e maquinários maiores e mais modernos. No entanto, vale ressaltar que agricultura de precisão não depende necessariamente desse tipo de maquinário, mas uma vez que o investimento já foi feito, essas propriedades têm mais urgência por contratar serviços e profissionais que possibilitem um melhor uso das tecnologias adquiridas”, orienta Ferraz.
De acordo com os agricultores ouvidos pela pesquisa, a VRA (taxa de aplicação variável) e os drones são as tecnologias mais adotadas, enquanto há disposição para a utilização de sensoriamento remoto, telemetria e IoT (internet das coisas), sendo que 53% dos entrevistados utilizam pelo menos uma tecnologia ou estão dispostos a adotar pelo menos uma nas próximas duas safras. “Isso mostra que a perspectiva é boa, quebramos a barreira da desconfiança e do custo de aquisição das tecnologias, mas ainda faltam bons profissionais para utilizá-las. Obviamente esses profissionais se concentram onde a demanda é maior nos grandes agrupamentos agrícolas, mas com o tempo e, principalmente, com a democratização do conhecimento, essas técnicas chegarão ao pequeno e médio produtor. Temos um mercado com bastante interesse (alta demanda) e pouca oferta, é um prato cheio para todos que atuam na área”, destaca o presidente.