Pesquisa desenvolve abacaxis resistentes à fusariose

Resistência total à fusariose e maior produtividade

Em 2023, uma plantação em Frutal (MG) chamou atenção de pesquisadores e produtores. Ao lado de lavouras praticamente dizimadas pela fusariose, frutos das novas variedades permaneciam intactos. A fusariose, causada pelo fungo Fusarium guttiforme, compromete o desenvolvimento da planta e inviabiliza o consumo dos frutos afetados. Assim, a resistência das novas cultivares representa uma vantagem econômica e ambiental significativa.
Segundo o pesquisador Davi Junghans, líder do programa de melhoramento genético do abacaxi, a resistência das novas variedades é total, diferente da tolerância encontrada em outras cultivares. “A fusariose tem a capacidade de eliminar uma plantação inteira. Essas novas cultivares atendem à principal demanda para a sustentabilidade da fruticultura brasileira”, afirma. Além disso, a produtividade média das novas cultivares gira em torno de 56 toneladas por hectare, mais do que o dobro da média nacional, de 26 toneladas por hectare (IBGE, 2024).

Frutos de qualidade, manejo facilitado e mercado promissor

Além de resistirem à doença, BRS Sol Bahia e BRS Diamante se adaptam às principais regiões produtoras do país. Seus frutos apresentam alto teor de açúcares, média acidez, poucos espinhos e maior firmeza, facilitando o manejo e transporte. O BRS Sol Bahia amadurece cerca de duas semanas depois do Pérola, e o BRS Diamante, aproximadamente 30 dias depois, ampliando a janela de comercialização.

As mudas das duas variedades são produzidas pela Rede Ananás, garantindo material de qualidade e resistência. Biofábricas e taleiros licenciados seguem protocolos da Embrapa, assegurando sanidade e origem genética. “É importante que o produtor adquira mudas dos licenciados para garantir a qualidade e resistência das plantas”, enfatiza Herminio Rocha, engenheiro-agrônomo da Embrapa.

Análises sensoriais confirmaram elevada aceitação dos consumidores. Além disso, os frutos devem ser colhidos no estágio “colorido”, com 50% a 75% da casca amarela, garantindo sabor adequado e maior vida de prateleira. Dessa forma, essas variedades representam uma evolução significativa para o mercado do abacaxi.
Texto publicado originalmente em Notícias