Soja 02-10-2025 | 14:27:00

Hedgepoint atualiza cenários para soja e óleos vegetais em setembro

Mercado da soja enfrenta incertezas com demanda chinesa, safra recorde no Brasil, riscos do La Niña e tensões comerciais

Por: Redação RuralNews

Além disso, a recuperação da demanda indiana por óleos vegetais, a competitividade da soja argentina impulsionada por isenção temporária de impostos e a perspectiva de uma safra recorde no Brasil, próxima de 180 milhões de toneladas, estão entre os fatores que influenciam o setor.
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Política monetária e impacto cambial

Mercado da soja vive momento de incertezas com influência do clima, da economia e da demanda global. Foto: Canva


O corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve reforçou a percepção de início de um novo ciclo de afrouxamento monetário, em resposta aos sinais de desaquecimento da economia.

Esse movimento reduziu o diferencial de juros frente ao Brasil e impulsionou a valorização do real, impactando diretamente a competitividade do agronegócio brasileiro no comércio internacional.

Tensões comerciais entre EUA e China



A ausência de acordo entre Estados Unidos e China mantém tarifas sobre produtos agrícolas americanos, reduzindo a atratividade da soja dos EUA no maior mercado comprador mundial. Essa lacuna tem sido ocupada principalmente pelo Brasil, mas também pela Argentina, que recentemente ganhou espaço com estímulos fiscais.

Clima e riscos do La Niña



A transição para o fenômeno La Niña permanece como um dos principais vetores de risco. O padrão pode impactar o ciclo produtivo na América do Sul, trazendo a possibilidade de seca no sul do Brasil e na Argentina entre outubro e dezembro. Esse fator adiciona volatilidade ao mercado climático sul-americano e poderá ser determinante para os rumos do setor nos próximos meses.

Cenário da China



A China mantém posição confortável com estoques de 43 a 44 milhões de toneladas, suficientes para três meses de consumo interno. Isso reduz a urgência de compras no curto prazo e permite maior seletividade. As importações em 2024/25 estão estimadas em 106,5 milhões de toneladas, abaixo das projeções iniciais, mas devem alcançar 112 milhões em 2025/26.

O Brasil segue como principal fornecedor, enquanto os EUA perdem espaço devido às tarifas, e a Argentina amplia sua presença. O esmagamento chinês deve alcançar 103 milhões de toneladas em 2024/25 e crescer para 108 milhões em 2025/26.

Situação dos Estados Unidos



Nos EUA, a safra 2025/26 foi estimada em 117 milhões de toneladas, abaixo da temporada anterior, refletindo redução na área plantada. A colheita avança em ritmo normal, mas as condições das lavouras vêm piorando, com apenas 61% em boas ou excelentes condições.

As exportações seguem em ritmo fraco, com 10,3 milhões de toneladas registradas, contra 16 milhões no ciclo anterior. A proposta da EPA para ampliar a mistura de biocombustíveis poderia adicionar até 4,5 milhões de toneladas ao esmagamento, reduzindo os estoques.

Perspectivas para o Brasil



A produção brasileira em 2024/25 foi revisada para 171,6 milhões de toneladas, enquanto a projeção para 2025/26 chega a 178 milhões de toneladas, podendo ser recorde. As exportações devem alcançar 109 milhões de toneladas em 2024/25 e 112 milhões em 2025/26.

Já o esmagamento deve atingir 58,5 milhões de toneladas em 2024/25, sustentado pela demanda de óleo para biodiesel. Apesar disso, as margens recuaram para os níveis mais baixos dos últimos anos. Os preços seguem firmes em torno de R$ 126 por saca em Rondonópolis (MT), enquanto o plantio avança após as chuvas.

Argentina ganha competitividade



A safra argentina 2025/26 deve alcançar 48,5 milhões de toneladas, número inferior ao ciclo anterior devido à migração de área para o milho. No entanto, as exportações ganharam força com a redução temporária de impostos, o que aumentou as vendas em curto prazo. O país deve manter liderança mundial nos derivados, com exportações de 29,7 milhões de toneladas de farelo e 6,6 milhões de toneladas de óleo em 2025/26.

Mercado de óleo de palma



A produção de óleo de palma em 2025/26 deve alcançar 47,5 milhões de toneladas na Indonésia e 19,5 milhões na Malásia. A Índia deve ampliar suas importações para 8,7 milhões de toneladas, apoiada pela redução de tarifas. O diferencial de preços em relação ao óleo de soja devolveu competitividade ao produto da palma, fortalecendo sua recuperação no curto prazo.

Mercado da soja em incerteza



O mercado da soja segue em ambiente de incertezas, equilibrando fatores altistas, como a demanda por biocombustíveis e a menor safra nos EUA, e baixistas, como os estoques elevados na China e a oferta abundante na América do Sul.

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Texto publicado originalmente em Notícias
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