Citricos 10-09-2025 | 10:47:00

Greening atinge 47,6% das laranjeiras em SP e ritmo de crescimento desacelera

Estudo do Fundecitrus mostra desaceleração do greening em laranjeiras de SP e reforça necessidade de manejo rigoroso

Por: Redação RuralNews

Nos pomares de 0 a 2 anos, a incidência caiu 51,4%. Já nos de 3 a 5 anos, recuou 17,1%. Esses números indicam maior conscientização dos citricultores, escolha adequada das áreas de plantio e aprimoramento no controle da doença.
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Segundo o pesquisador Renato Bassanezi, a redução no ritmo também pode ser resultado de medidas adotadas pelos produtores. “O citricultor escolheu áreas com menor risco de contaminação para novos plantios. Além disso, retomou a eliminação de árvores doentes com até cinco anos e realizou replantio imediato. Consequentemente, a população do psilídeo, vetor da bactéria, caiu significativamente em 2024 devido ao controle mais rigoroso”, explica.
Produtores intensificam manejo e controle do vetor para conter avanço do greening. Foto: Adobe Stock


Incidência elevada em pomares mais velhos



Apesar da melhor remuneração pela caixa de laranja em 2023 e 2024, o que tornou viáveis pomares com baixa produtividade, houve maior resistência em eliminar plantas jovens já produtivas. Por isso, a maior incidência de greening ainda é observada em pomares com mais de 10 anos (58,43% das árvores contaminadas). Em seguida, vêm os de 6 a 10 anos (57,79%), 3 a 5 anos (39,18%) e 0 a 2 anos (2,72%).

O diretor-executivo do Fundecitrus, Juliano Ayres, reforça que os produtores estão mais conscientes e aprimorando o manejo da doença. Assim, os resultados já começam a aparecer. “Manter plantas jovens saudáveis garante viabilidade do pomar e frutas de melhor qualidade. Além disso, em regiões com baixa incidência, o produtor entende que não faz sentido manter plantas jovens doentes”, destaca.

Distribuição regional do greening



O estudo estima que quase 100 milhões de árvores, de um total de 209 milhões, estejam contaminadas. A progressão da doença está ligada a vários fatores. Entre eles estão altas populações de psilídeo, a presença contínua de plantas doentes e o clima mais ameno do segundo semestre de 2024, que favoreceu a multiplicação da bactéria. Apesar da queda de 41% na população de psilídeos, os níveis atuais ainda são quatro a nove vezes maiores do que antes de 2020.

A severidade média da doença aumentou pelo quarto ano seguido, passando de 18,7% em 2024 para 22,7% em 2025. Assim, as áreas com maior incidência de greening também apresentam maior severidade, prejudicando mais árvores e causando maior queda prematura de frutos. Consequentemente, a perda média de laranjas devido ao greening subiu de 3,1% na safra 2021/22 para 9,1% na safra 2024/25. Atualmente, isso corresponde a 50,8% do total de frutas que caíram antes da colheita.

Entre as 12 regiões do cinturão citrícola, seis registram incidência acima de 60%, duas entre 40% e 50%, três entre 20% e 30% e apenas duas abaixo de 5%. Limeira (79,9%), Porto Ferreira (70,6%), Avaré (69,2%), Duartina (62,7%) e Brotas (60,8%) são as mais afetadas. Já Bebedouro (47,2%) e Altinópolis (45,1%) continuam com índices altos.

Em níveis intermediários estão São José do Rio Preto (34,3%), Itapetininga (28,7%) e Matão (24,6%), com avanço significativo do greening entre 2024 e 2025. Por outro lado, Votuporanga (3,1%) e o Triângulo Mineiro (0,3%) mantêm as menores taxas, praticamente estáveis.

Manejo regional e combate ao vetor



O Fundecitrus orienta que o manejo do greening deve considerar a incidência da doença em cada região. Nas áreas de alta incidência, caso o produtor não elimine plantas doentes, é essencial manter o controle rigoroso do psilídeo. Dessa forma, é possível reduzir a propagação da doença e prolongar a vida útil do pomar. Já nas regiões de baixa incidência, é imprescindível erradicar imediatamente as plantas afetadas e manter controle contínuo do vetor.

Ayres reforça que o greening continua sendo o maior desafio da citricultura, exigindo esforço constante. “As medidas de manejo têm conseguido frear a evolução da doença. Quando aplicadas corretamente, o pacote de controle funciona. Além disso, com essa doença não há meio termo, o controle deve ser rigoroso”, alerta.

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Texto publicado originalmente em Notícias
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