Exportações e clima influenciam alta dos preços do café arábica
Queda nos estoques certificados e incertezas climáticas mantêm o arábica valorizado enquanto o mercado acompanha a recuperação da safra brasileira
Por: Redação RuralNews
Desde agosto, os estoques certificados registram queda contínua, com redução expressiva nas origens México, Honduras, Nicarágua, Peru, Uganda e, principalmente, Brasil, que é o maior fornecedor. Entre 29 de julho e 7 de novembro, os estoques totais diminuíram 353,1 mil sacas (-43,8%), enquanto o volume brasileiro recuou 148,3 mil sacas (-90,6%).
VEJA TAMBÉM:
Segundo Laleska Moda, analista de Inteligência de Mercado de Café da Hedgepoint, o movimento está ligado ao baixo interesse dos produtores brasileiros pela certificação. “Eles estão bem capitalizados e, em parte do ano, os diferenciais de preço não compensavam o processo. Além disso, comerciantes e torrefadores têm consumido os estoques certificados, já que os preços seguem em alta. Nos Estados Unidos, as tarifas mais elevadas também incentivaram o consumo do que já estava armazenado”, explica.
Apesar da forte redução, o mercado projeta a entrada de cerca de 150 mil sacas nos estoques certificados da ICE nos próximos meses. No entanto, esse volume ainda é considerado insuficiente para recompor os níveis considerados confortáveis.
De acordo com análise da Hedgepoint, mesmo com o aumento recente dos diferenciais, os preços mais baixos registrados em agosto e setembro estimularam a certificação de novos lotes. “Isso pode trazer algum alívio, mas ainda será necessário um volume maior para estabilizar o mercado”, acrescenta Laleska.
O clima também exerce papel decisivo na formação dos preços. O Brasil, principal produtor global, está em fase de desenvolvimento para a safra 2026/27. Até meados de outubro, o tempo seco predominou nas regiões produtoras, gerando preocupações, especialmente após uma floração precoce em setembro.
Contudo, as chuvas da segunda quinzena de outubro e início de novembro trouxeram otimismo. “Ainda é cedo para descartar impactos do clima anterior, mas as precipitações recentes favoreceram novas florações e o desenvolvimento dos cafeeiros”, explica Laleska, da Hedgepoint. Segundo ela, a maioria das regiões de arábica recebeu volumes expressivos de chuva, o que deve ajudar na recuperação da produção.
“À primeira vista, a safra 26/27 tende a apresentar melhora na produtividade, mas só será possível medir o potencial total mais adiante”, completa.
No caso do Conilon, o cenário é mais estável. As condições climáticas ao longo de 2025 têm sido favoráveis, com chuvas regulares que beneficiam o enchimento dos grãos.
De acordo com a Hedgepoint, pode haver pequena queda na próxima safra, reflexo da produção recorde de 2025/26. “Após um ciclo muito produtivo, é natural que as plantas reduzam o vigor, e muitos produtores fazem podas para fortalecer as lavouras futuras”, explica Laleska.
Apesar disso, a expansão das áreas cultivadas em estados como Espírito Santo e Bahia deve compensar parte da redução esperada. A primeira estimativa oficial da safra 2026/27 deve sair até o fim de novembro, com projeções mais precisas previstas para fevereiro e março, após o enchimento dos grãos.
No Sudeste Asiático, o mercado monitora os efeitos do tufão Kalmaegi no Vietnã, principal produtor de robusta. “As chuvas intensas nas terras altas centrais podem comprometer a qualidade dos grãos e atrasar a colheita, o que já provocou alta nos preços da variedade”, observa a analista da Hedgepoint.
Enquanto o Brasil se prepara para uma possível recuperação do arábica, o Vietnã enfrenta incertezas com o robusta, cenário que mantém o café no centro das atenções do mercado global.
TAGS:
Texto publicado originalmente em Capa
Segundo Laleska Moda, analista de Inteligência de Mercado de Café da Hedgepoint, o movimento está ligado ao baixo interesse dos produtores brasileiros pela certificação. “Eles estão bem capitalizados e, em parte do ano, os diferenciais de preço não compensavam o processo. Além disso, comerciantes e torrefadores têm consumido os estoques certificados, já que os preços seguem em alta. Nos Estados Unidos, as tarifas mais elevadas também incentivaram o consumo do que já estava armazenado”, explica.
Estoques reduzidos e clima variável mantêm a pressão sobre os preços do café arábica. Foto: Canva
Expectativas de recomposição
Apesar da forte redução, o mercado projeta a entrada de cerca de 150 mil sacas nos estoques certificados da ICE nos próximos meses. No entanto, esse volume ainda é considerado insuficiente para recompor os níveis considerados confortáveis.
De acordo com análise da Hedgepoint, mesmo com o aumento recente dos diferenciais, os preços mais baixos registrados em agosto e setembro estimularam a certificação de novos lotes. “Isso pode trazer algum alívio, mas ainda será necessário um volume maior para estabilizar o mercado”, acrescenta Laleska.
Influência do clima
O clima também exerce papel decisivo na formação dos preços. O Brasil, principal produtor global, está em fase de desenvolvimento para a safra 2026/27. Até meados de outubro, o tempo seco predominou nas regiões produtoras, gerando preocupações, especialmente após uma floração precoce em setembro.
Contudo, as chuvas da segunda quinzena de outubro e início de novembro trouxeram otimismo. “Ainda é cedo para descartar impactos do clima anterior, mas as precipitações recentes favoreceram novas florações e o desenvolvimento dos cafeeiros”, explica Laleska, da Hedgepoint. Segundo ela, a maioria das regiões de arábica recebeu volumes expressivos de chuva, o que deve ajudar na recuperação da produção.
“À primeira vista, a safra 26/27 tende a apresentar melhora na produtividade, mas só será possível medir o potencial total mais adiante”, completa.
Conilon tem bom desempenho
No caso do Conilon, o cenário é mais estável. As condições climáticas ao longo de 2025 têm sido favoráveis, com chuvas regulares que beneficiam o enchimento dos grãos.
De acordo com a Hedgepoint, pode haver pequena queda na próxima safra, reflexo da produção recorde de 2025/26. “Após um ciclo muito produtivo, é natural que as plantas reduzam o vigor, e muitos produtores fazem podas para fortalecer as lavouras futuras”, explica Laleska.
Apesar disso, a expansão das áreas cultivadas em estados como Espírito Santo e Bahia deve compensar parte da redução esperada. A primeira estimativa oficial da safra 2026/27 deve sair até o fim de novembro, com projeções mais precisas previstas para fevereiro e março, após o enchimento dos grãos.
Atenção ao Vietnã
No Sudeste Asiático, o mercado monitora os efeitos do tufão Kalmaegi no Vietnã, principal produtor de robusta. “As chuvas intensas nas terras altas centrais podem comprometer a qualidade dos grãos e atrasar a colheita, o que já provocou alta nos preços da variedade”, observa a analista da Hedgepoint.
Enquanto o Brasil se prepara para uma possível recuperação do arábica, o Vietnã enfrenta incertezas com o robusta, cenário que mantém o café no centro das atenções do mercado global.
TAGS:
Café - Exportações - Clima
- Europa
- Preços do Café - Café arábica - Café Robusta
Texto publicado originalmente em Capa
Leia também: