Custos em alta pressionam avicultores do Paraná e ameaçam continuidade da atividade
Receita dos produtores rurais não cobre os custos totais, elevando o risco de abandono da atividade no médio e longo prazos
Por: Redação RuralNews
É o que aponta o levantamento de custos de produção elaborado pelo Sistema FAEP. O estudo é elaborado seguindo a metodologia própria e embasado por dados fornecidos por avicultores de todas as regiões do Estado. Os produtores foram ouvidos em painéis realizados em cada uma das 14 Comissão de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs) do Paraná, abrangendo os polos produtivos do Estado. Os resultados representam as médias por tamanhos de modais e classificação do frango, pesado ou griller, conforme o cenário das integrações.
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Segundo os técnicos Caroline da Costa e Fábio Mezzadri, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP, os dados “revelam um cenário preocupante para a sustentabilidade da atividade”. Segundo o relatório, em praticamente todas as integrações, ALERTA as receitas obtidas pelos avicultores com a entrega das aves e com a venda de cama de aviário cobriram apenas os custos variáveis – ou seja, os desembolsos para produzir o lote de frangos.
O levantamento revelou que os produtores rurais ficaram no vermelho no que diz respeito ao custo fixo (que leva em conta as depreciações de máquinas, equipamentos e instalações) e o custo total (que se consolida como um índice de longo prazo para a atividade). Isso implica em saldos negativos anuais para cada produtor, que variam entre R$ 89 mil e R$ 217 mil, o que compromete a depreciação de instalações e a capacidade de investimento.
“Ano após ano, as condições dos produtores estão se complicando, com a atividade ficando mais no vermelho”, diz o presidente da Comissão Técnica de Avicultura do Sistema FAEP, Diener Santana. “Os reajustes que os produtores estão recebendo não acompanham os custos de produção, que têm aumentado acima. Isso agrava o vermelho”, acrescenta.
O avicultor Luís Guilherme Geraldo, que atua há oito anos na atividade em Jaguapitã, mantém quatro galpões com capacidade para 160 mil aves. Apesar do bom momento do mercado internacional, ele relata que a maior parte do lucro fica com as integrações. A remuneração recebida mal cobre os custos da operação.
Ao longo de 2024, negociações nas Cadecs garantiram reajustes de 7,5%. Eles diminuíram parte dos prejuízos acumulados, mas não resolveram o problema. Geraldo pretende ampliar sua estrutura para diluir gastos, embora reconheça os riscos.
O presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, lembra que os produtores seguem investindo mesmo diante de um cenário econômico e político incerto. Ele destaca que o trabalho do Sistema FAEP continua focado em apoiar produtores nas negociações com as integradoras.
Um dos fatores que dificulta a vida dos avicultores é a pressão das integradoras por investimentos constantes nos aviários. Para manter padrões sanitários e produtividade, as empresas exigem automação e melhorias estruturais. No entanto, a remuneração paga não permite que muitos produtores façam tais adequações.
O produtor Maurício Gonçalves Pereira, de São Tomé, relata que precisa substituir sistemas de aquecimento e cortinas, além de arcar com manutenção permanente. Ele afirma que os investimentos são necessários, mas a receita atual não cobre tudo.
Pereira, que possui 65 mil aves, também explica que a energia elétrica se tornou um custo crítico. Diante disso, ele busca ampliar sua produção de energia fotovoltaica.
O produtor Eliandro Vegian Carneiro, de Éneas Marques, no Sudoeste do Paraná, reforça a preocupação. Ele afirma que investir R$ 1,5 milhão em um aviário e carregar essa dívida por uma década é um risco elevado, especialmente com os custos de manutenção em alta.
Segundo Geraldo, quem tem estrutura defasada sofre pressão maior. As integradoras exigem modernizações mesmo que o produtor não tenha condições financeiras para realizá-las. Incentivos só são pagos a quem consegue acompanhar os padrões cobrados.
Para Pereira, a atividade só se manterá com melhor remuneração e previsibilidade. Carneiro concorda e destaca que, com juros altos e incertezas políticas, não vê melhora no curto prazo.a
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Custos elevados e margens negativas pressionam a atividade
Produtores de frango enfrentam custos crescentes e remuneração insuficiente. Foto: Sistema FAEP / Divulgação
Segundo os técnicos Caroline da Costa e Fábio Mezzadri, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP, os dados “revelam um cenário preocupante para a sustentabilidade da atividade”. Segundo o relatório, em praticamente todas as integrações, ALERTA as receitas obtidas pelos avicultores com a entrega das aves e com a venda de cama de aviário cobriram apenas os custos variáveis – ou seja, os desembolsos para produzir o lote de frangos.
O levantamento revelou que os produtores rurais ficaram no vermelho no que diz respeito ao custo fixo (que leva em conta as depreciações de máquinas, equipamentos e instalações) e o custo total (que se consolida como um índice de longo prazo para a atividade). Isso implica em saldos negativos anuais para cada produtor, que variam entre R$ 89 mil e R$ 217 mil, o que compromete a depreciação de instalações e a capacidade de investimento.
“Ano após ano, as condições dos produtores estão se complicando, com a atividade ficando mais no vermelho”, diz o presidente da Comissão Técnica de Avicultura do Sistema FAEP, Diener Santana. “Os reajustes que os produtores estão recebendo não acompanham os custos de produção, que têm aumentado acima. Isso agrava o vermelho”, acrescenta.
Realidade no campo: renda baixa, custos em alta
O avicultor Luís Guilherme Geraldo, que atua há oito anos na atividade em Jaguapitã, mantém quatro galpões com capacidade para 160 mil aves. Apesar do bom momento do mercado internacional, ele relata que a maior parte do lucro fica com as integrações. A remuneração recebida mal cobre os custos da operação.
Ao longo de 2024, negociações nas Cadecs garantiram reajustes de 7,5%. Eles diminuíram parte dos prejuízos acumulados, mas não resolveram o problema. Geraldo pretende ampliar sua estrutura para diluir gastos, embora reconheça os riscos.
O presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, lembra que os produtores seguem investindo mesmo diante de um cenário econômico e político incerto. Ele destaca que o trabalho do Sistema FAEP continua focado em apoiar produtores nas negociações com as integradoras.
Exigências crescentes das empresas pressionam ainda mais os produtores
Um dos fatores que dificulta a vida dos avicultores é a pressão das integradoras por investimentos constantes nos aviários. Para manter padrões sanitários e produtividade, as empresas exigem automação e melhorias estruturais. No entanto, a remuneração paga não permite que muitos produtores façam tais adequações.
O produtor Maurício Gonçalves Pereira, de São Tomé, relata que precisa substituir sistemas de aquecimento e cortinas, além de arcar com manutenção permanente. Ele afirma que os investimentos são necessários, mas a receita atual não cobre tudo.
Pereira, que possui 65 mil aves, também explica que a energia elétrica se tornou um custo crítico. Diante disso, ele busca ampliar sua produção de energia fotovoltaica.
O produtor Eliandro Vegian Carneiro, de Éneas Marques, no Sudoeste do Paraná, reforça a preocupação. Ele afirma que investir R$ 1,5 milhão em um aviário e carregar essa dívida por uma década é um risco elevado, especialmente com os custos de manutenção em alta.
Segundo Geraldo, quem tem estrutura defasada sofre pressão maior. As integradoras exigem modernizações mesmo que o produtor não tenha condições financeiras para realizá-las. Incentivos só são pagos a quem consegue acompanhar os padrões cobrados.
Para Pereira, a atividade só se manterá com melhor remuneração e previsibilidade. Carneiro concorda e destaca que, com juros altos e incertezas políticas, não vê melhora no curto prazo.a
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