Cascavel foi palco, nos dias 17 e 18 de outubro, do I Encontro Paranaense de Milho Safrinha. O evento foi realizado na Areac (Associação Regional dos Engenheiros Agrônomos de Cascavel) e abordou temas como área de plantio, perspectivas de mercado, pragas, doenças entre outras particularidades do cultivo.
O professor da Unicentro e PhD em entomologia, Orcial Bortolotto, deu uma palestra sobre o controle de percevejos. Mais conhecido como “barriga verde”, o percevejo é uma praga importante da cultura, com potencial destrutivo de até 30% da lavoura. Em alguns casos, de 50% a 60%.
Segundo Orcial, o produtor precisa ter uma visão da biodiversidade como um todo para controlar a praga. “Eles já estão na soja, antes do plantio do milho. O manejo correto é na fase inicial de desenvolvimento do milho, de 20 a 25 dias após o plantio ou mesmo antes do plantio”, explicou.
O professor explicou que é preciso realizar um tratamento das sementes com inseticida e fazer o acompanhamento da população da área. Se encontrar mais de um percevejo a cada planta, é preciso aplicar o inseticida. A vigilância deve ser iniciada já no primeiro dia após a planta emergir.
“Também recomendamos esse controle antes do plantio. Para isso, ele pode fazer armadilhas, com soja umedecida. Uma por talhão já basta. Se aparecer percevejo em até duas armadilhas, já é interessante fazer aplicação”, orientou.
Já o doutor em entomologia Germinon Tomquelski, da fundação Chapadão do Sul, orientou os presentes sobre a lagarta do cartucho, a principal praga do milho. Com alta taxa de reprodução e danos de até 30% nas lavouras, o pesquisador orienta em primeiro lugar o produtor a eliminar as tigueras, ou hospedeiros naturais. Além disso, optar por variedades resistentes, que segundo ele ainda compensam o investimento (normalmente são mais caras).
Germison também citou produtos que podem complementar a efetividade dos defensivos, como o enxofre, e também recomendou armadilhas biológicas para o controle das mariposas.
Wagner dos Anjos, engenheiro agrônomo da KWS Sementes, falou sobre os desafios do manejo do milho safrinha, desde a instalação à colheita. Dentre eles, boa parte da palestra foi dedicada à cigarrinha. “Era uma praga secundária, mas hoje ganhou relevância. Apesar de estudos registrando a sua presença desde 1950, ela é pouco difundida. O produtor nem o técnico às vezes dão a real atenção que ela merece”, destacou.
Referindo-se à cigarrinha, ele também reforçou que o produtor precisa trabalhar de maneira preventiva, e não só agir quando “os problemas acontecem”. Segundo ele, o desafio é grande, mas é solucionável.
Paulo Vallini, engenheiro agrônomo e diretor do Sindicato Rural de Cascavel, também reforçou que os produtores precisam estar atentos à cigarrinha do milho (leia mais na página tal), praga que ganhou importância na última lavoura. “Também eles precisam ficar atentos à janela de plantio. Com o atraso do plantio da soja pela falta de chuvas, muitos produtores não vão conseguir cultivar o milho safrinha”, analisou.