HOME | AGRICULTURA | Café
O Indicador Cepea/Esalq do café arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, avançou em janeiro no maior patamar da série histórica do Cepea para esta variedade, iniciada em setembro de 1997.Até o último dia 27 de janeiro, o valor médio da saca estava em R$ 2.301,60, aumento de 6,8% em relação à média de dezembro de 2024.
Segundo pesquisadores do Cepea, os preços elevados seguem refletindo a oferta restrita tanto de arábica como de robusta no Brasil e no mundo, além do alto percentual de café já comercializado por produtores nacionais.Dados da Hedgepoint Global Markets indicam que a comercialização da safra 2024/25 está acima da média dos últimos ciclos, limitando a oferta de grãos brasileiros até a próxima temporada. Paralelamente, baixos estoques globais e oferta restrita em outras regiões têm elevado os diferenciais brasileiros.
Em 2025, o aumento nos preços de alimentos, incluindo o café, deverá intensificar a inflação no Brasil. De acordo com o Boletim Focus do Banco Central, a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 5,5% para este ano, acima da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
VEJA TAMBÉM:
"O café, em particular, tem enfrentado desafios que podem pressionar seus preços, como condições climáticas adversas e aumento nos custos de produção. Esses fatores podem impactar tanto o consumidor final quanto as empresas que dependem do produto", diz Larry Carvalho, advogado especialista em logística, direito marítimo e agronegócios.
Embora tanto o arábica quanto o robusta enfrentem aperto de oferta, o arábica registra avanços mais significativos nos preços, ampliando a arbitragem entre as variedades. Esse cenário pode estimular maior demanda pelo robusta em substituição ao arábica nos próximos meses.
Segundo Laleska Moda, analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, “a volatilidade do mercado se manteve com preocupações sobre oferta frente à demanda aquecida".A oferta global continua limitada: o Vietnã avança na venda de robusta, mas de forma lenta; apesar da colheita de arábica na Colômbia e América Central, o café tem demorado a chegar no mercado; e produtores brasileiros mostram pouco interesse em novas vendas.
Dados recentes sobre a comercialização da safra 2024/25 no Brasil também confirmam estoques de passagem limitados. Até dezembro de 2024, 82% da safra de arábica e 91% da de robusta haviam sido vendidas. Já para a safra 2025/26, a consultoria Safras Mercado indica que as vendas estão abaixo da média histórica, com apenas 12% negociados, comparado a 19% em 2024 e 21% na média de 5 anos.
“Os preços dos grãos brasileiros subiram no mercado internacional devido à maior demanda e oferta restrita. Diferenciais de preços do arábica e conilon estão acima da média de 5 anos. O conilon teve um aumento significativo na última semana, influenciado pela redução da oferta vietnamita. Entretanto, o spread entre arábica e conilon no Brasil atingiu níveis elevados desde o fim de 2024, refletindo a alta mais expressiva do arábica em função das preocupações com oferta limitada”, avalia Laleska.
Os spreads entre as cotações do café arábica bebida dura tipo 6 e conilon 13 acima e do arábica 600, contra o conilon 7/8, estão acima da média dos últimos 5 anos, refletindo um aumento da diferença de preços entre as variedades.“Apesar do suporte recente ao conilon, fatores como a possível redução da safra 2025/26 de arábica, a queda nos estoques certificados da ICE e uma esperada recuperação do conilon no Brasil indicam que o spread deve permanecer elevado em 2025”, ressalta a analista.
Laleska observa que essa diferença pode aumentar o uso de conilon em blends domésticos, já que anteriormente, com preços mais altos, torrefadores priorizavam o arábica. "Agora, espera-se maior demanda por conilon no Brasil e em mercados asiáticos, onde é amplamente utilizado em cafés solúveis, exceto na China, que prefere o arábica."
TAGS:
Nenhum comentário até agora... Seja o primeiro a comentar!
Com demanda aquecida, preços da saca de café vêm registrando recordes
Oferta global de café deve permanecer restrita até a próxima temporada, afetando tanto consumidores quanto produtores brasileiros
Publicado em 03/02/2025 | 21:37:00
426 Views

O Indicador Cepea/Esalq do café arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, avançou em janeiro no maior patamar da série histórica do Cepea para esta variedade, iniciada em setembro de 1997.Até o último dia 27 de janeiro, o valor médio da saca estava em R$ 2.301,60, aumento de 6,8% em relação à média de dezembro de 2024.
Segundo pesquisadores do Cepea, os preços elevados seguem refletindo a oferta restrita tanto de arábica como de robusta no Brasil e no mundo, além do alto percentual de café já comercializado por produtores nacionais.Dados da Hedgepoint Global Markets indicam que a comercialização da safra 2024/25 está acima da média dos últimos ciclos, limitando a oferta de grãos brasileiros até a próxima temporada. Paralelamente, baixos estoques globais e oferta restrita em outras regiões têm elevado os diferenciais brasileiros.
Em 2025, o aumento nos preços de alimentos, incluindo o café, deverá intensificar a inflação no Brasil. De acordo com o Boletim Focus do Banco Central, a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 5,5% para este ano, acima da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
"O café, em particular, tem enfrentado desafios que podem pressionar seus preços, como condições climáticas adversas e aumento nos custos de produção. Esses fatores podem impactar tanto o consumidor final quanto as empresas que dependem do produto", diz Larry Carvalho, advogado especialista em logística, direito marítimo e agronegócios.

O café vem sendo afetado por condições climáticas adversas e aumento nos custos de produção
Embora tanto o arábica quanto o robusta enfrentem aperto de oferta, o arábica registra avanços mais significativos nos preços, ampliando a arbitragem entre as variedades. Esse cenário pode estimular maior demanda pelo robusta em substituição ao arábica nos próximos meses.
Segundo Laleska Moda, analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, “a volatilidade do mercado se manteve com preocupações sobre oferta frente à demanda aquecida".A oferta global continua limitada: o Vietnã avança na venda de robusta, mas de forma lenta; apesar da colheita de arábica na Colômbia e América Central, o café tem demorado a chegar no mercado; e produtores brasileiros mostram pouco interesse em novas vendas.
Dados recentes sobre a comercialização da safra 2024/25 no Brasil também confirmam estoques de passagem limitados. Até dezembro de 2024, 82% da safra de arábica e 91% da de robusta haviam sido vendidas. Já para a safra 2025/26, a consultoria Safras Mercado indica que as vendas estão abaixo da média histórica, com apenas 12% negociados, comparado a 19% em 2024 e 21% na média de 5 anos.

“Os preços dos grãos brasileiros subiram no mercado internacional devido à maior demanda e oferta restrita. Diferenciais de preços do arábica e conilon estão acima da média de 5 anos. O conilon teve um aumento significativo na última semana, influenciado pela redução da oferta vietnamita. Entretanto, o spread entre arábica e conilon no Brasil atingiu níveis elevados desde o fim de 2024, refletindo a alta mais expressiva do arábica em função das preocupações com oferta limitada”, avalia Laleska.
Os spreads entre as cotações do café arábica bebida dura tipo 6 e conilon 13 acima e do arábica 600, contra o conilon 7/8, estão acima da média dos últimos 5 anos, refletindo um aumento da diferença de preços entre as variedades.“Apesar do suporte recente ao conilon, fatores como a possível redução da safra 2025/26 de arábica, a queda nos estoques certificados da ICE e uma esperada recuperação do conilon no Brasil indicam que o spread deve permanecer elevado em 2025”, ressalta a analista.
Laleska observa que essa diferença pode aumentar o uso de conilon em blends domésticos, já que anteriormente, com preços mais altos, torrefadores priorizavam o arábica. "Agora, espera-se maior demanda por conilon no Brasil e em mercados asiáticos, onde é amplamente utilizado em cafés solúveis, exceto na China, que prefere o arábica."
TAGS:
Comentários
Comente a matéria:
Leia também
Show Rural Coopavel: Quarta-feira de público recorde, com a presença do governador
12/02/2025

O portal RuralNews é uma iniciativa que leva diariamente informações, novas tecnologias e as novidades do agronegócio do Brasil para o produtor rural e toda a cadeia produtiva do segmento. Reportagens, cotações diárias, vídeos, podcasts, artigos e muito mais!
São Paulo/SP | Ribeirão Preto/SP | Porto Alegre/RS | Cascavel/PR | Rio Verde/GO | Campo Grande/MS